Pensando um pouco sobre como cheguei aqui...


Pensando um pouco sobre como cheguei aqui ou autobiografia

Nasci durante o perído do regime militar no Brasil. Já na fase mais branda, em 1975, e esse período de abertura, lenta, da democracia, se estendeu até o início da minha vida escolar. Sou a filha mais velha de três irmãos, sendo a caçula 12 anos mais jovem que eu. Meus pais, apesar de bons leitores, nunca tiveram muito estudo, apenas o “ginásio”, como chamavam, antigamente, os primeiros anos do Ensino Fundamental. Mas, minha mãe, depois de ter os filhos adultos, teve a coragem de voltar a estudar e concluir o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, pelo que tenho muito orgulho dela.
Sempre estudei em escola pública. Minha primeira escola era num bairro mais central, em Porto Alegre (RS) e, lembro que a minha professora da 1ª série morava no mesmo prédio que eu. Seu nome era Jussara, e me lembro de ela ter, sem querer, me ensinado que tipo de professora eu não iria querer ser, embora, nessa época, eu não sonhasse em ser professora. Dessa escola lembro, também, do desfile do 7 de setembro, todos os alunos uniformizados e com adereços de papel (verde e amarelo) desfilando pela avenida (sob um sol quente), antes do desfile dos militares.
Mudei de escola várias vezes durante o Ensino Fundamental, porque minha família mudava de casa com certa frequência. Na escola seguinte, ainda sob a duração do regime militar, lembro de ficar a tarde toda “guardando” a chama crioula na Semana Farroupilha e da professora de música passando no quadro de giz as letras de todos os hinos possíveis e imagináveis... Ela também me ensinou que professora eu não iria querer ser. Mas, essa escola ficou no meu coração, por outros motivos e professoras. E, depois de adulta, tive a oportunidade de lá voltar, mas como professora e muitos bons momentos passei lá, outra vez.
Mudei de escola outra vez, e, já pré-adolescente, fiz amizades muito queridas nessa outra escola. E lá, também, foi onde descobri que queria ser professora. Era uma escola de ensino fundamental e médio (secundário, na época) que oferecia o Curso Normal (ou Magistério, como chamávamos). Decidi que queria fazer o Ensino Médio lá e, de fato, anos mais tarde, me formei professora normalista por aquela escola (Escola Normal 1º de Maio), onde, já no perído democrático da política brasileira, aprendi sobre lutar por nossos direitos e participação democrática, participando de passeatas na geração “cara pintada”. Mas, antes disse, acabei mudando de escola, outra vez, antes de encerrar a educação básica. Nessa outra escola, que era bem pequena, eu amava todos os professores... Admirava especialmente a professora de LP (Língua Portuguesa) e a de História, eram, ambas, muito dedicadas e excelentes professoras, do tipo que sabe incentivar os alunos, mesmo os que tinham dificuldades nas disciplinas. Elas me deixaram dividida entre ser professora de Português ou de História.  Anos mais tarde, na UFRGS, iniciei o curso de Letras, mas acabei trocando pelo de História, onde me formei licenciada, e conheci professores excelentes e que me inspiraram muito.
Minha irmã foi minha primeira aluna. Enquanto eu cursava o Magistério ela era pequena e eu aplicava na educação dela tudo o que aprendia no curso. Eu a ajudei a se alfabetizar antes de entrar para a escola. Então, tive certeza de que escolhera a profissão certa para mim. Nunca me imaginei feliz trabalhando fora de uma escola. E assim foi. Depois de formada professora normalista, fiz concurso para monitora na FASC (Fundaçãode Assistência Social, da Prefeitura de Porto Alegre), onde trabalhei com população adulta de rua, por quatro anos, enquanto iniciava meus estudos na UFRGS. Já cursando a faculdade, fiz outro concurso da PMPA, dessa vez para professora de “anos iniciais”. Em 1999 fui nomeada e iniciei minha carreira, de fato, como professora. Lecionei na mesma escola, EMEF São Pedro, na periferia da zona leste de Porto Alegre, por mais de uma década. Trabalhei como professora alfabetizadora, professora volante (ou auxiliar), professora de Educação Artística e professora de História, e também, ajudei a formar o grupo de “contadores de histórias” naquela escola. Mais tarde, quando tive oportunidade trabalhar na escola onde estudei, trabalhei como professora voltante e como atendente de biblioteca, uma experiência  muito gratificante, pois trabalhava com “hora do conto”, algo que sempre gostei muito de fazer.
Após um período de afastamento por doença, acabei me exonerando do cargo de professora e mudando para o interior do RS, em Veranópolis. Aqui, decidi voltar a estudar, iniciando o curso de Pedagogia, na UCS, na modalidade de EAD, e voltando a trabalhar em escola, através de um estágio da Prefeitura, para auxiliar alunos com necessidades especiais, que é minha ocupação atual.
Agora meu projeto é continuar e concluir a Faculdade de Pedagogia, voltar a atuar como professora alfabetizadora e, depois, começar um mestrado na área de Educação, desenvolvendo um estudo sobre a questão do gênero e identidade de gênero nos anos iniciais da Educação básica.

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